sábado, 6 de março de 2010

Carta para quem passou...

Eu estar escrevendo para você depois de quase dois anos te espanta? Não sei explicar, tu me veio a mente e então resolvi te escrever um punhado de palavras que talvez nem irão fazer sentido pra ninguém a não ser a mim mesma.
Como você tem estado? Ás vezes me pego pensando em você, em tudo o que você pode estar fazendo de errado por aí e quantas dores ainda te assolam quando você vai pra casa. Não tenho mais aquele sentimento de tristeza quando tu me vem em mente, ou a vontade de cuidar de alguém pra tentar sanar alguns defeitos passados. Eu tenho quisto cuidados, acredita? Eu, que nunca me dei ao luxo de deixar alguém cuidar de mim, beijar a minha testa e fazer eu me sentir sem as mãos no volante, tenho quisto desesperadamente aprender a ser assim. E eu ando com um medo horroroso da vida. Um medo de tudo isso que está mudando se tornar a coisa mais feia e confusa que eu já pude ser.
E você esperava o que de mim? Uma coragem ínfima de viver, de fazer o que desse na telha como quem prova que a juventude é a época mais bela, fugaz e estúpida de todas, que eu quero consumar toda a minha vida de uma vez sem pensar no amanhã? É, eu sei, quando se trata dessas coisas sempre me vem uma vontade de ser uma dessas pessoas inconseqüentes que preferem tapar os olhos pro futuro a qualquer custo... Assim como você é, isso mesmo. Mas pra mim isso soa tão frágil, sabia? Um dia eu te admirei acho, quis agir assim como você age, mas não dá... Não sei se você me entende, simplesmente não dá. Ou eu sou forte, ou eu sou fraca demais pra isso... Mas eu nunca fui previsível, não é mesmo? Ultimamente eu tenho acordado diferente todos os dias e com uma capacidade de oscilar incrível, você que um dia me conheceu doce e cuidadosa e depois me viu desbocada e sedenta entenderia o que eu quero dizer se colocasse tudo o que nos aconteceu dentro de um período de três dias. Pois é, imagina a loucura que eu ando vivendo dentro de mim. E as pessoas ainda têm me cobrado sair pra encher a cara, dançar a noite toda e conhecer pessoas que irão fingir estarem interessadas no que você diz só pra tentarem te comer no final das contas. E eu ando tão carente de atenções. Daquela atenção besta, de alguém que te procura só pra saber como você está, como anda a vida... Eu tenho passado por muitas situações diferentes, sabe, tenho tido muito o que contar e pouca gente pra me ouvir... Mas sei lá, é da vida, eu nessa de aprender a precisar dos outros não consigo entender de onde vem toda essa minha nova fragilidade.
Mas enfim, eu vou terminando por aqui. Só lhe escrevi porque achei que seria benéfico para mim, mas se quiser responder e me contar como anda tudo do seu lado do mundo, eu teria a honra de ler. Acho que por fim eu vou aceitar aqueles convites pra sair a noite e esvaziar um pouco a cabeça. De qualquer modo estar sozinha com um monte de gente acho que será mais fácil do que estar sozinha comigo mesma, eu tenho sido um real perigo à minha sanidade mental e, uma coisa eu lhe digo: mais louca eu não fico!

Um comentário:

naluz oliveira disse...

pareço saber quem é teu destinatário(a) por parecer um conhecido(a) ou por parecer uma carta que eu escreveria a um conhecido(a)? essa dúvida me atormentará noites a fio