
Hoje não há devaneios. Não tem eu lírico boêmio, palavra de poeta morto ou muito menos concepções devastadoras sobre quem se é, o que se quer e o que é coerente fazer.
Quase um mês. Um mês diferente. Um mês que passou voando mas que ao mesmo tempo trouxe mudanças que refletirão por muito tempo, quem sabe por uma vida inteira...
Pela primeira vez na minha vida eu não tenho me prendido à crenças, entregue nas mãos de qualquer força superior ou me posto em situação de espera quando as coisas pareciam confusas demais. Resolvi que para escrever a minha história, só serão usadas as palavras que eu quero. Hesitei, hesitei muito. Pensei em fugas de mim mesma, busquei caminhos alternativos que não me fizessem indagar tanto sobre tudo que estava acontecendo.
E acho que a grande culpada de tudo isso é a mudança. Mudar é uma coisa forte, às vezes é reflexo de muitos anos, às vezes ela parece que nunca chega e, às vezes você se coloca em stand by por tanto tempo que só quando tudo ao seu redor muda, você percebe que mudou também.
Cheguei a pensar que o nome pra tudo isso é crescer, mas acho que seria muita pretensão da minha parte dizer que cresci, soaria até mesmo como uma auto-promoção.
Eu sei exatamente os pontos nos quais eu mudei e, até poderia citá-los aqui, mas acho-os pessoais demais para se expor sem ser atrás de um eu lírico choramingão (é, talvez esse seja um ponto que eu ainda não tenha mudado).
Me perdi em um mundo novo e revi muitos sentimentos que haviam se distanciado, encontrei a ansiedade no início, parei pra conversar com a euforia por um bom tempo, esbarrei com a confusão e com a tristeza por umas inúmeras esquinas também, é verdade... Mas agora acho que meu caminho tá reto, tá seguindo rumo ao meu futuro e enquanto ando tenho visto as paisagens que eu esperava e sempre quis encontrar. Meu coração tem batido mais forte e revigorado, tem parado de sair do seu ritmo ou até mesmo do meu, minha cabeça não anda mais vazia, isso devo confessar, mas meus pensamentos acho que se auto-adestraram e resolveram se posicionar de modo que eu possa encontrá-los quando bem quiser e adormecer aqueles que teimam em querer aparecer no momento inoportuno.
E se for esse ritmo que eu irei seguir pro resto da minha vida ou pelo menos enquanto deixo meus sonhos perderem esse nome, eu me sinto aliviada. Deve ser por isso que tanto aconteceu de repente. Se ver na situação a qual você almejou por tanto tempo acontecendo, torna tudo tão simples que eu na minha fúria incontrolada por oscilações existenciais não soube lidar muito bem de início. Até eu perceber que tudo isso é só o começo, que a complicação ainda está por vir...
Mas eu estou tranquila, não esquento a cabeça agora não. Sempre tive muito pra doar, sempre quis me encher enquanto esvaziava o que em mim habita de uma forma não tão racional, mas verdadeira. E hoje eu me vejo na situação mais bela e egoísta que já vivi: tenho dado todo amor, toda a paixão que poderia ter à mim mesma, ao meu presente e, principalmente, à tudo aquilo que eu sei que, pode estar longe, mas que um dia fará parte do que eu sou e vice-versa.
E me atrevo de uma forma quase mal-educada a fazer referência mas mudando as visões a uma frase do Caio Fernando Abreu: Cuidado comigo. Um dia eu encontro.
Sei que não foi o texto mais literário que posso ter escrito, mas é um dos quais eu terei mais orgulho de reler daqui há um tempo, tenho certeza disso.
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