Ela me emocionou. Me deixou aos prantos, desolada, inconsciente. Por culpa dela eu mexi em cadáveres, cuidei de quem cuidou de mim por muito tempo, não dormi por noites inteiras, rezei por meses e acendi incensos em busca de paz.
Ela se foi e, apesar de não ter me dado bem com ela e nem esperar que ela ficasse mais, levou consigo um amor e deixou aqui uma saudade. E mais que uma saudade, deixou aqui uma união, um afeto que tinha sido adormecido e o sorriso de crianças pro meu coração.
Por fim, acho que depois de tanta enrolação, ela veio na hora certa. Fez a sua parte, terminou com uma doença que não coube a mim achar culpado, deixou uma ferida que se cicatrizaria lentamente, mas de forma serena e compreensiva.
Em diversos momentos me pego pensando quando ela virá nos visitar novamente.Parece que tem mandado seus sinais por muito tempo já e, mesmo nós aqui, estamos esgotados. Esgotados porque quando algo está errado e lhe dizem que irão consertar mas sem data estipulada, você espera. Como um armário que não fecha suas portas. Ao saber que irão consertá-lo, você espera pelo marceneiro. Se demorar muito você até esquece, deixa aquela porta aberta e nem liga mais. Mas vira e mexe, na correria que essa vida tem, você bate com a ponta do seu dedinho do pé nela e se lembra daquela maldita visita que o marceneiro faria há algum tempo atrás. E é isso que ela tem feito por muito tempo. Só que ela tem avisado que vem, mas não vem consertar nada. Vem levar embora aquilo que já se está desgostoso por aqui. Mas não se engane, não é tão fácil assim. Ninguém viaja tanto a troco de nada. Como pagamento ela deixa por aqui alguma contas. Tristeza, saudade, dor... São algumas delas. Mas eu sei, por já conhecê-la, que no final ela nos deixa alguma coisa boa. E por este fato eu ás vezes me pego desejando que ela venha logo.
Se eu me sinto mal com isso? Me sinto péssima. Mas eu espero que não vejam como maldade ou falta de coração, eu só peço descanso à todos aqueles que o merecem... Que haja paz ao fechar os olhos. Principalmente para aqueles que não se abrirão mais.
Kyoko, por tudo que plantou, muito amor; Odi, por tudo que viveu, a paz virá.
Um comentário:
tô te seguindo, amor. que texto lindo, cara. mesmo.
Postar um comentário