domingo, 13 de setembro de 2009


O quão doce pode ser saborear um coração, quantos beijos são necessários para se encher alguém, qual intensidade um abraço deve ter para conseguir contornar a circunferência de uma alma... Em alguns é transitivo, em outros é direto, para terceiros se torna ambos. O que se chama amar é aquilo que pensamos ser?
E quando eu penso no amor, tão piegas e clichê, ele me parece ser mais um advérbio de dúvida do que um verbo.

domingo, 30 de agosto de 2009

Killer Pride

Minha intenção nunca foi te machucar. Mas eu quis te ver por dentro. Te olhei bem de perto, examinei dentro de seus olhos, e de lá eu pude ver algo cinzento pairando sobre tua áurea. Não soube distinguir se isso era bom ou ruim, então continuei a me questionar quem tu eras.
Procurei olhar em volta, toquei a tua pele, senti teu cheiro exalando quando estavas perto de mim. Ainda assim não consegui formular um parecer que me soasse razoável. Talvez foi isto que me instigou persistir por tanto tempo.
Então te dei meu beijo, meu corpo. Tive a sensação desconfortante de amar aquilo que não conhecia, não costumo oferecer as coisas que tenho à estranhos. Mas pra mim, naquele momento, pareceu inevitável. Eu ainda desejava desvendar quem tu eras, e nenhum esforço seria poupado para chegar onde eu queria.
Mas aparentemente nada adiantou. Persistir começou a aparentar estupidez, e não suportaria me tornar estúpida por ti. Por fim, o que me restou foi te dilacerar. Te cortei em pedacinhos, rasguei toda tua carcaça para enxergar o que dentro de ti havia. Para ser sincera, o que ali encontrei não foi de meu agrado. Mas tu se esconderas tanto! Despertara em mim a sede de ter aquilo que não se quer pelo puro prazer de sentir-me poderosa. E aí eu quis te ver por dentro a qualquer custo. Acho que só me procurava dentro de ti. Surpresa a minha quando não me encontrei. Então te fiz sangrar, é verdade. Mas minha intenção nunca foi te machucar.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Dezessete Primaveras.



Nossas vidas são feitas de emoções, sentimentos, corações. São resultados de procuras, mas também de achados. A vida nasce de momentos doces, de momentos tristes e de momentos insanos também.
A gente aprende que nessa vida, nada é permanente, tudo é mutável, que a cada primavera as flores nascem sutilmente diferentes do que as da primavera interior, a cada verão vivenciamos novas lembranças, a cada inverno a gente cultiva uma saudade nova de alguém e a cada outono aprendemos que a mudança tá sempre presente em nosso caminho.
Inúmeras são as dificuldades e felicidades que passamos ao longo da nossa jornada, mas é fato que qualquer ser humano não se sustenta são nesse mundo se estiver sozinho. O homem é um ser sociável, traz consigo a necessidade de se comunicar, se expressar e compartilhar aquilo que lhe foi dado com o outro.
O outro é aquele que gente reconhece, instantaneamente ou ao longo de anos e, apesar de ser o outro, ironicamente pode passar a se tornar parte de nós. O que o outro menos tem nele é ser outra coisa que você, ele acaba se tornando uma parte do teu ser.
O outro é aquele que a gente cativa e, como já dizia o livro de um famoso principezinho, "tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas". Não se cita responsabilidade como a de um pai ou uma mãe, mas sim a responsabilidade de fazer o outro que tu cativou se sentir realizado por ter se deixado cativar por ti. Se cativastes, deverá tratar de responsabilizar-se em momentos de emoções, sentimentos e corações do seu outro.
E não se deve esquecer de uma última coisa, porém não menos importante: lembre sempre o seu outro o quão importante ele é em sua vida e como você é agradecido pelo dia que ele nasceu. Pode-se passar dezessete, quarenta, cem primaveras, mas nunca deixe-o esquecer o quanto você o ama e o quanto deseja à ele estações cada vez mais marcantes e repletas de grandes amores e momentos inesquecíveis ao seu lado, sempre.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009


"Se teus olhos conseguirem trapacear e enxergar além daquilo que se vê, me conte qual cor tem minha alma, se ela é feia e mirradinha ou radiante e cristalina. O tamanho eu sei que é o maior existente, mas não consigo classificar tal qualidade como sendo boa ou ruim. Uma alma grande comporta mais sentimentos e, consequentemente está mais vulnerável aos maus presságios que se encontram pelo caminho, mas portar uma alma pequena deve ser deveras enfadonho, não há oscilações suficientes de humor para sustentar a minha sede por tempestades sentimentais.
O que me importa mesmo é descobrir qual cor ela tem e se aparenta estar em boas condições de saúde, pois tenho tido sucessivos acontecimentos aborrecedores e talvez se eu souber mais detalhes sobre minha alma, será mais fácil apresentá-la às outras almas que pelo meu caminho cruzarão ou até mesmo tratá-la se esta estiver enferma.
Mas antes preciso encontrar alguém que tenha olhos tão teimosos que ousem fazer mais do que a função fisiológica a qual foram destinados. Eu estou por aí, andando pelas ruas o mais devagar possível para que, se você cruzar comigo, possa olhar em meus olhos e enxergar exatamente como minha alma é, com todos seus importantes detalhes que desejo tanto conhecer. Se és capaz de exercer tal façanha, entre em contato comigo assim que possível. Grata."

sábado, 1 de agosto de 2009

Fastlane


E eu tenho andado tanto. Pouco tempo, mas já vi muito... Já ri até chorar e chorei até a hora em que o que restava era rir, observei cada detalhe dessa vida deslumbrada com a beleza que ela tem, conheci pessoas que deixaram suas marcas e fui desconhecendo algumas outras com o tempo... Houve época em que me sentei por estar cansada de tanto andar e não chegar a lugar algum, houve época em que saí correndo pra ver se a paisagem mudava, se os ventos me levavam para outro destino. Caminhei sozinha por muito tempo, esperando alguém aparecer pra me fazer companhia ao longo da viagem, mas também já tive que caminhar com viajantes os quais só me faziam lembrar quão serena é a solidão...E eu continuo caminhando. Hoje tô aqui nessa esquina, amanhã quem sabe onde eu posso estar... E você? Tá indo pra onde? Se estiver muito perdido pode me dar a mão, se juntar a mim. Pelo menos dá para gastar um tempo conversando, dividir um cigarrro, cantar uma música ou rir um pouco. Quem sabe por fim, não valha a pena.
Os caminhos são lindos e é necessário caminhar. Eu tô indo sem direção, mas sei onde eu quero chegar.

terça-feira, 21 de julho de 2009

As Cores da Cidade Cinza.


São Paulo, 15 de janeiro de 2001. Olhando por cima dessa cidade cinza ele estava. Via as janelas iluminadas pelas luzes dos televisores, das lâmpadas caras das salas de jantar e dos monitores dos pcs. De lá de cima do terraço do seu prédio via os carros parados nas ruas, as pessoas entrando nas conduções cada vez mais apressadas para conseguirem ir para seus lares e outras saindo para buscar diversão e o entretenimento que queriam. E ele lá, inerte, observando tudo com a calma que lhe era caracteristica e analisando aquele monte de formiguinhas entrando e saindo dos lugares, andando num tráfego completamente desordenado, ao mesmo tempo parecendo ter um rumo completamente definido. Tentava cada vez mais ver ao longe, ver cores que não podia perceber se ficasse olhando apenas para baixo, ver uma cor nova, desconhecida para ele que, como os esquimós do Alaska que conseguem diferenciar vários tons de branco por só verem gelo e neve compondo a paisagem do habitat deles, via vários tons de cinzas e pretos.

Não havia como não pensar na solidão. São Paulo era assim, cheia de pessoas solitárias em meio a multidões. Poucos eram aqueles sortudos que, diante daquela imensidão cinza encontravam uma alma radiante, com um toque avermelhado, amarelo ou azul clarinho. Melhor dizendo, poucos eram os que conseguiam achar alguém que tinha nos olhos a cor exata que sempre procurou, um tom que lhe desse aconchego no momento em que se troca um olhar. Até porque, com tanta correria, compromissos e atrasos, as pessoas acabavam se esquecendo de procurar pelas cores certas, pensou ele.

Nunca soube bem se existiam as pessoas certas, mas sabia com certeza que as cores deveriam bater. Sabia bem que certamente, quando as pessoas se encontram e se dão logo de cara, elas tinham as cores parecidas. As vezes era a mesma cor, mas não no mesmo tom. Quando era assim, era possível pensar em algo mais que somente aquela amizade que cresce a cada dia. Quando as cores são parecidas desse jeito, ou até mesmo iguais, é amor. Só achava difícil falar sobre o amor. O encontro das duas cores. Não pensava que tinha encontrado a cor que lhe encantava. Por isso olhava ao longe. Queria achar essa cor, a cor que faria seus olhos brilharem de um jeito que não poderia ser ofuscado pelas luzes da cidade.

Sempre se manteve calmo, é verdade, mas às vezes não saber como lidar com o amor lhe deixava um pouco frustrado. E se toda aquela teoria das cores fosse equivocada? Tinha certeza que amar era bom, afinal todos aqueles que amam parecem ter uma cor mais radiante do que o tom de cinza mórbido que se espalhava pela cidade e isso era um sinal de felicidade, acreditava. Mas como podia ser tão difícil encontrar alguém com a sua cor? Vermelho, azul, verde, roxo... Pra falar a verdade não tinha idéia de qual a cor que se via dentro dele próprio, mas tinha certeza que descobriria no momento em que olhasse nos olhos daquela que lhe mostraria o que de tão bom havia em se apaixonar.

Apenas não tinha certeza de quando iria encontrar a dona da sua cor. Se seria na primeira esquina em que virar no caminho de casa para o trabalho, quando descesse do terraço e olhasse nos olhos da menina do elevador ou num dia qualquer andando por ai. Só sabia que quando chegasse, ele saberia. E saberia que seria um dia diferente de qualquer outro. Seria um dia bem mais colorido.


JULIA E RODRIGO.

domingo, 19 de julho de 2009

Meu romance mal escrito.

Dia após dia, noite após noite, tecem-se em mim enredos que se emaranham entre si, formando uma rede de pensamentos incapaz de se dissipar. Eu poderia dizer que as coisas andam muito confusas, mas as coisas sempre foram muito confusas. Deve haver, escondido em algum lugar do meu espaço-tempo de vida, uma fórmula que resolva tudo isso, um produto químico que seja capaz de limpar toda minha mente, deixando ela branquinha e brilhante, sem toda essa sujeirada que se encontra aqui. Não tenho intenção de me tornar alguém equilibrada ou ter a paz espiritual dos monges tibetanos, devo até confessar-lhes que tenho certo apreço por toda essa tempestade de idéias insensatas que me consomem diariamente, pois por muitas vezes elas me trazem benefícios inimagináveis quando se trata de ter algum tipo de emoção na vida, mesmo que seja uma emoção solitária, mas às vezes sinto algo me pedindo um tempo de mim mesma, de toda essa turbulência que se causa dentro de mim.
E o que mais me incomoda é saber que toda essa confusão afeta-me completamente, pois se não há clareza nos fatos que ocorrem dentro de mim, não há possibilidade de alguém de fora conseguir entender. É como um belo livro de capa dura, com seu título escrito caprichadamente em letras garrafais na frente, que contém dentro páginas e mais páginas de escritas preciosas, mas estas se encontram apagadas pelo tempo ou manchadas por alguma chuva que caiu sobre o livro e borrou sua impressão. É nítido que o livro existe, pois ele está lá, mas se torna indecifrável qualquer coisa que nele esteja escrito, já que suas páginas estão confusas, deixando o leitor incapaz de entender sua trama ou opinar se gosta ou não do que ali está escrito.
Até dado momento o meu livro está um pouco assim. Ainda não possue marcas do tempo, mas certamente gotas de água salina provenientes de saudades, tristezas, amores, dores e alegrias que se formaram ao longo do tempo e caíram sobre suas páginas, tornando algumas histórias impossíveis de se ler, ou até mesmo inacabadas. Às vezes desconfio de que muitas pessoas que já tiveram em suas mãos o meu livro, apesar de não terem opinado sobre o que pensaram dele, atreveram-se a rabiscá-lo em algumas folhas, pois há tantos pensamentos confusos escritos nele, que não creio que eu teria sido capaz de escrever uma história tão incerta sozinha.

sábado, 27 de junho de 2009

A Coisa Toda.


E eu desejava entender a coisa toda. Pra falar a verdade, eu ainda desejo mas fazer referência ao passado faz a coisa toda parecer mais antiquada, menos coisa toda, quase coisa nenhuma, insignificante.
A coisa toda na realidade, me consumia, tornava-se cada vez mais difícil de entender e mais essencial no meu processo de realização humana.
Eu queria trocar o dia pela noite, a sobrevivência pela vida, o certo pelo errado, mas aquela coisa toda não me deixava. Ela era tão mutável, uma hora se parecia com uma coisa presa na minha garganta que impedia minha respiração, outras vezes se fazia de coisa boa que queria me deixar feliz, como milhares de borboletas se debatendo pelo meu estômago.
Sei que não é fácil de se entender mas, acredite, é muito mais difícil de se explicar. Não é explicável algo que a gente não conhece.
Eu só queria saber lidar com essa coisa toda que, não sei como se chama mas, por enquanto, apenas por conveniência, resolvi chamar de "eu".

quinta-feira, 30 de abril de 2009

As flores de plástico não morrem.

Eu não sei ao certo como relatar isso. Sei que, um dia, depois de algum tempo já, me doeu de uma forma avassaladora. Senti a inutilidade de se tentar odiar alguém na esperança de não odiar a si próprio por não conseguir seguir em frente. Me vi te comparando a uma rosa, tão bonita, perfumada e quase delicada, se não fosse os espinhos. Você pra mim é uma rosa. Poderia eu sentir o que fosse, tentar fazer o que quisesse, mas te abraçar era impossível. Teus espinhos me perfurariam até sangrar e você nada faria ao me ver chorar de dor, poderia até querer, mas não conseguiria secar minhas lágrimas, teu veneno não te deixa. Assim, me infectaria com a tua doença. Uma doença insuportável que vai comendo a gente por dentro aos pouquinhos e, quando se vê, já tá tudo oco por dentro. Mas um oco esquisito, que me faz sentir um vazio tendo muito dentro de mim. Tendo tanto que me rasga a pele guardar tudo isso pra mim, eu preciso me doar. Agora já não me importa você, já não me importa quem, só precisa existir alguém.
E tua doença me infectou. Eu quis sim te odiar, na verdade ainda quero. Quero sentir desgosto ao olhar pra você, mas isso mostraria o quanto de ti ainda me afeta. E eu não quero que veja isso, não quero que percebas que pra mim, você é como eu, tem um vazio insustentavelmente cheio dentro de si que às vezes nem se percebe, mas às vezes te dói como espinhos furando todo teu corpo.

domingo, 22 de março de 2009

E eu estou cedendo, por incrível que pareça...

Andei conversando com um amigo, a gente tava falando sobre desistir das coisas que queremos muito. Ele me disse que nunca se deu o direito de desistir de algo que ele tenha almejado de verdade e isso me deixou um tanto quanto encucada.
Sabe, acho que nunca fiz isso também. Eu finjo que desisti, mas não desisto. Isso me parece tão patético, uma atitude tão fraca que eu já tomei diversas vezes sem nem pensar.
E aí eu falei pra ele que pra mim o fato de querer desistir faz com que a gente não consiga desistir. É só quando se esquece de desistir que se desiste.
Só que tem aquelas vezes que você simplesmente não quer desistir. Talvez nem hajam mais esperanças e expectativas, mas a tua teimosia e o teu orgulho te fazem continuar tentando, até uma hora que você esquece de tentar e esquece de desistir e... puff! Quando viu já desistiu.
Honestamente, eu acho que nunca desisti. Não por não tentar, mas por não querer. Desistir me parece uma palavra tão humilhante. Eu gosto de bater a cabeça na parede mesmo quando me dizem para não fazer isso porque vai machucar. Eu preciso sentir a dor pra acreditar que machuca mesmo.
E agora eu tô aqui, fingindo que desisti enquanto o tempo passa... Confesso que não me sinto incomodada com a minha atitude covarde/corajosa. Eu ando tão conformada com a idéia de que o andar da carruagem tá seguindo o caminho certo, me levando pro meu lugar... Alguns dizem que isso não vai acontecer, mas eu quero chegar lá pra ver onde essa estrada vai me levar.

domingo, 15 de março de 2009

"And I'm so so so tired..."

Recomeço... Afinal o que é um recomeço?
Pra mim, um recomeço quase nunca é um recomeço. A gente tem essa mania de inventar recomeço, nova vida ou sei lá mais o que com cara de novinho em folha quando tá insatisfeito com aquilo que vive.
Mas o ponto chave dessa história ainda é que, pra mim, recomeço quase nunca é recomeço. Declarar que está recomeçando algo é a maneira que encontramos pra não dizer claramente que estamos inconformados com algo que já acabou. O recomeço na verdade, já começou pra mim, pra você, pra todos nós. Só que não o aceitamos de cara, então quando vemos que não há outra saída, resolvemos "recomeçar o recomeço".
Então desistam, não tem saída. O que é bom dura pouco mesmo, a gente vai viver sentindo falta de certas coisas e nem adianta vir com esse papo de se reerguer, ver o mundo com outros olhos, aprender com os erros e agir diferente... Já estou saturada de coisa do tipo. Todo machucado que se deixa lembrar traz consigo cicatrizes e todo mundo tem a sua hora de se foder, de tomar no cu... É super normal, acreditem!
Eu não sei quanto à você, mas nesse exato momento eu me sinto tão confortável aqui, não estou empolgada o bastante pra lutar, ser uma contra-regra. Eu já perdi a noção se estou me fodendo ou fodendo alguém, ultimamente as sensações tem sido muito parecidas pra mim.