
E o que mais me incomoda é saber que toda essa confusão afeta-me completamente, pois se não há clareza nos fatos que ocorrem dentro de mim, não há possibilidade de alguém de fora conseguir entender. É como um belo livro de capa dura, com seu título escrito caprichadamente em letras garrafais na frente, que contém dentro páginas e mais páginas de escritas preciosas, mas estas se encontram apagadas pelo tempo ou manchadas por alguma chuva que caiu sobre o livro e borrou sua impressão. É nítido que o livro existe, pois ele está lá, mas se torna indecifrável qualquer coisa que nele esteja escrito, já que suas páginas estão confusas, deixando o leitor incapaz de entender sua trama ou opinar se gosta ou não do que ali está escrito.
Até dado momento o meu livro está um pouco assim. Ainda não possue marcas do tempo, mas certamente gotas de água salina provenientes de saudades, tristezas, amores, dores e alegrias que se formaram ao longo do tempo e caíram sobre suas páginas, tornando algumas histórias impossíveis de se ler, ou até mesmo inacabadas. Às vezes desconfio de que muitas pessoas que já tiveram em suas mãos o meu livro, apesar de não terem opinado sobre o que pensaram dele, atreveram-se a rabiscá-lo em algumas folhas, pois há tantos pensamentos confusos escritos nele, que não creio que eu teria sido capaz de escrever uma história tão incerta sozinha.
Um comentário:
"qualquer canto é menor (cabe também melhor) do que a vida de qualquer pessoa", sabe aquela música de Blechior que a Elis Regina canta? Sempre que eu paro pra pensar nessas coisas da minha vida, eu lembro dela, e realmente é impossível alguém imaginar ou entender a cabeça de outra pessoa, e até a nossa, porque muitas e muitas vezes a gente não sabe se quer algo por que quer, ou porque deve querer, né? E você tem uma pegada muito Clarice Lispector, se desenvolver a filosofia e a metafísica daquela mulher, te peço em casamento. HAUIEHAUOIE brinks.
:*
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