Não é de se orgulhar, eu sei. Não para mim.
Eu sou do tipo de pessoa que vive no limite do dentro e do fora, na fronteira dos dois países. E tens idéia do porquê disso tudo? E tu achas que há um porquê atrás disso tudo?
Sabe, eu só acho mais fácil. É, isso mesmo, é mais fácil. Porque se eu corro muito pra lá, tá muito longe de quem eu sou e me dá saudade e, se eu dou mais dois passinhos pra cá, minha imensidão me sufoca. Te sufoca, sufoca a qualquer um que não está disposto a entrar em uma briga. Gente louca esse tipo pra mim, cá entre nós. Briga é coisa de machão, eu tô mais pra bebê que senta e chora pedindo colo de mãe.
Agora, que esse negócio todo anda meio esquisito, a gente não pode negar.
O pessoal anda dizendo por aí essas baboseiras, deixando escapar muito blablablá de que os ares por aqui mudaram, que a covardia apossou-se do meu território particular e que há muito permaneço sentada no meio da indiferença. E vai saber se não é, né? Quem devia se preocupar com isso não tá nem sabendo do que tá acontecendo, imagina só se vai entender alguma coisa...
E cara, olha só, admiro-te. Admiro de verdade conseguir ser assim, tão freneticamente impulsivo, com esse sentimental te transbordando pelos olhos marejados. Mas é que uma hora cansa.
Não te cansa?
Me cansou exaustivamente. É bonito, não nego. Mas tem que ter muita força. Ou muita fraqueza. E eu não sou nenhum dos dois. Eu me dei ao belo direito de não ser nada excessivamente.
Tá, tá, tá. Cale a boca e escute. Extrapolei a minha dose vital de extremos, pra mim chega. O que te parecer, é problema teu, que tu guardes pra ti, assim como me vi no dever de respeitar quem ainda por aquele território permanece. E olha, que nem acho que é amadurecimento, é ser pulga e ter saído da ponta do pêlo, é ter caído pra dentro e sentado no corpo fofinho. Muito mais confortável. EXTREMAMENTE mais confortável.
E sabe porquê? Porque achei mais fácil descer e aprender a escalar do que ficar segurando com garras ferozes no topo da montanha. Isso aí cansa demais.
E eu tô querendo é sombra e água fresca. Casinha de sapê, só se já vier mobiliada. Gente pra me visitar, beijos pra não cansar de mim mesma. Mais ou menos por aí.