
Procurei olhar em volta, toquei a tua pele, senti teu cheiro exalando quando estavas perto de mim. Ainda assim não consegui formular um parecer que me soasse razoável. Talvez foi isto que me instigou persistir por tanto tempo.
Então te dei meu beijo, meu corpo. Tive a sensação desconfortante de amar aquilo que não conhecia, não costumo oferecer as coisas que tenho à estranhos. Mas pra mim, naquele momento, pareceu inevitável. Eu ainda desejava desvendar quem tu eras, e nenhum esforço seria poupado para chegar onde eu queria.
Mas aparentemente nada adiantou. Persistir começou a aparentar estupidez, e não suportaria me tornar estúpida por ti. Por fim, o que me restou foi te dilacerar. Te cortei em pedacinhos, rasguei toda tua carcaça para enxergar o que dentro de ti havia. Para ser sincera, o que ali encontrei não foi de meu agrado. Mas tu se esconderas tanto! Despertara em mim a sede de ter aquilo que não se quer pelo puro prazer de sentir-me poderosa. E aí eu quis te ver por dentro a qualquer custo. Acho que só me procurava dentro de ti. Surpresa a minha quando não me encontrei. Então te fiz sangrar, é verdade. Mas minha intenção nunca foi te machucar.