domingo, 30 de agosto de 2009

Killer Pride

Minha intenção nunca foi te machucar. Mas eu quis te ver por dentro. Te olhei bem de perto, examinei dentro de seus olhos, e de lá eu pude ver algo cinzento pairando sobre tua áurea. Não soube distinguir se isso era bom ou ruim, então continuei a me questionar quem tu eras.
Procurei olhar em volta, toquei a tua pele, senti teu cheiro exalando quando estavas perto de mim. Ainda assim não consegui formular um parecer que me soasse razoável. Talvez foi isto que me instigou persistir por tanto tempo.
Então te dei meu beijo, meu corpo. Tive a sensação desconfortante de amar aquilo que não conhecia, não costumo oferecer as coisas que tenho à estranhos. Mas pra mim, naquele momento, pareceu inevitável. Eu ainda desejava desvendar quem tu eras, e nenhum esforço seria poupado para chegar onde eu queria.
Mas aparentemente nada adiantou. Persistir começou a aparentar estupidez, e não suportaria me tornar estúpida por ti. Por fim, o que me restou foi te dilacerar. Te cortei em pedacinhos, rasguei toda tua carcaça para enxergar o que dentro de ti havia. Para ser sincera, o que ali encontrei não foi de meu agrado. Mas tu se esconderas tanto! Despertara em mim a sede de ter aquilo que não se quer pelo puro prazer de sentir-me poderosa. E aí eu quis te ver por dentro a qualquer custo. Acho que só me procurava dentro de ti. Surpresa a minha quando não me encontrei. Então te fiz sangrar, é verdade. Mas minha intenção nunca foi te machucar.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Dezessete Primaveras.



Nossas vidas são feitas de emoções, sentimentos, corações. São resultados de procuras, mas também de achados. A vida nasce de momentos doces, de momentos tristes e de momentos insanos também.
A gente aprende que nessa vida, nada é permanente, tudo é mutável, que a cada primavera as flores nascem sutilmente diferentes do que as da primavera interior, a cada verão vivenciamos novas lembranças, a cada inverno a gente cultiva uma saudade nova de alguém e a cada outono aprendemos que a mudança tá sempre presente em nosso caminho.
Inúmeras são as dificuldades e felicidades que passamos ao longo da nossa jornada, mas é fato que qualquer ser humano não se sustenta são nesse mundo se estiver sozinho. O homem é um ser sociável, traz consigo a necessidade de se comunicar, se expressar e compartilhar aquilo que lhe foi dado com o outro.
O outro é aquele que gente reconhece, instantaneamente ou ao longo de anos e, apesar de ser o outro, ironicamente pode passar a se tornar parte de nós. O que o outro menos tem nele é ser outra coisa que você, ele acaba se tornando uma parte do teu ser.
O outro é aquele que a gente cativa e, como já dizia o livro de um famoso principezinho, "tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas". Não se cita responsabilidade como a de um pai ou uma mãe, mas sim a responsabilidade de fazer o outro que tu cativou se sentir realizado por ter se deixado cativar por ti. Se cativastes, deverá tratar de responsabilizar-se em momentos de emoções, sentimentos e corações do seu outro.
E não se deve esquecer de uma última coisa, porém não menos importante: lembre sempre o seu outro o quão importante ele é em sua vida e como você é agradecido pelo dia que ele nasceu. Pode-se passar dezessete, quarenta, cem primaveras, mas nunca deixe-o esquecer o quanto você o ama e o quanto deseja à ele estações cada vez mais marcantes e repletas de grandes amores e momentos inesquecíveis ao seu lado, sempre.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009


"Se teus olhos conseguirem trapacear e enxergar além daquilo que se vê, me conte qual cor tem minha alma, se ela é feia e mirradinha ou radiante e cristalina. O tamanho eu sei que é o maior existente, mas não consigo classificar tal qualidade como sendo boa ou ruim. Uma alma grande comporta mais sentimentos e, consequentemente está mais vulnerável aos maus presságios que se encontram pelo caminho, mas portar uma alma pequena deve ser deveras enfadonho, não há oscilações suficientes de humor para sustentar a minha sede por tempestades sentimentais.
O que me importa mesmo é descobrir qual cor ela tem e se aparenta estar em boas condições de saúde, pois tenho tido sucessivos acontecimentos aborrecedores e talvez se eu souber mais detalhes sobre minha alma, será mais fácil apresentá-la às outras almas que pelo meu caminho cruzarão ou até mesmo tratá-la se esta estiver enferma.
Mas antes preciso encontrar alguém que tenha olhos tão teimosos que ousem fazer mais do que a função fisiológica a qual foram destinados. Eu estou por aí, andando pelas ruas o mais devagar possível para que, se você cruzar comigo, possa olhar em meus olhos e enxergar exatamente como minha alma é, com todos seus importantes detalhes que desejo tanto conhecer. Se és capaz de exercer tal façanha, entre em contato comigo assim que possível. Grata."

sábado, 1 de agosto de 2009

Fastlane


E eu tenho andado tanto. Pouco tempo, mas já vi muito... Já ri até chorar e chorei até a hora em que o que restava era rir, observei cada detalhe dessa vida deslumbrada com a beleza que ela tem, conheci pessoas que deixaram suas marcas e fui desconhecendo algumas outras com o tempo... Houve época em que me sentei por estar cansada de tanto andar e não chegar a lugar algum, houve época em que saí correndo pra ver se a paisagem mudava, se os ventos me levavam para outro destino. Caminhei sozinha por muito tempo, esperando alguém aparecer pra me fazer companhia ao longo da viagem, mas também já tive que caminhar com viajantes os quais só me faziam lembrar quão serena é a solidão...E eu continuo caminhando. Hoje tô aqui nessa esquina, amanhã quem sabe onde eu posso estar... E você? Tá indo pra onde? Se estiver muito perdido pode me dar a mão, se juntar a mim. Pelo menos dá para gastar um tempo conversando, dividir um cigarrro, cantar uma música ou rir um pouco. Quem sabe por fim, não valha a pena.
Os caminhos são lindos e é necessário caminhar. Eu tô indo sem direção, mas sei onde eu quero chegar.